quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


E a melhor prenda deste Natal foi…

Isto é o fim… Janeiro de 1970: os Doors dão aqueles que se tornariam os últimos concertos em Nova Iorque com Jim Morrison.
Quarenta anos depois, tudo isto dá em 6 cd’s.


Esta história começa um pouco antes. Depois de actuarem no famoso Madison Square Garden, no início de 1969 (alguns meses antes da edição de The Soft Parade), os Doors escolheram o adjacente Felt Forum (com as minhas pesquisas actualmente é WaMu Theatre) para estrear Morrison Hotel. Uma dos comentários que o teclista Ray Manzarek fez antes das actuaçãoes em Nova Iorque e que talvez na minha opinião marca todo o enredo desta actuação, “temos quatro concertos para dar, dois sets amanhã. Vamos tocar o que quisermos!”, foi o anúncio para um verdadeiro registo histórico da banda.
A 17 de Janeiro, os Doors davam dois concertos (um “early gig” e um “late gig”), repetiam a dose no dia seguinte. Gravado, misturado e produzido por Bruce Botnick, colaborador de longa data da banda (e responsável principal pelo trabalho minucioso da impotente caixa Perception), Live In New York reproduz as quatro actuações pela sua ordem original, acumulando em 6 cd’s um número de interpretações que se aproxima das nove dezenas.
Encontro aqui uns Doors com vontade de mudança, a sair de The Soft Parade (o criticado álbum “sinfónico”), com sede de provar que as raízes blues-rock não estavam apodrecidas, a tentar erguer a cabeça acima do nível da ruína – o último disco gerara dívidas; Jim Morrison entregara a sua alma ao whisky.
Morrison Hotel tratava, pouco depois, de recolocar os Doors no rumo do “bom rock duro e diabólico” (escrevia a Circus Magazine) graças ao “disco com mais tomates (e o melhor) dos Doors até agora” (palavras da influente Creem Records), berço de portentos como “Roadhouse Blues” ou “Peace Frog”.
Mas apenas duas semanas antes do lançamento do quinto LP, os Doors não sabiam o que esperar. À distância de 40 anos – e conhecendo o infeliz epílogo de Morrison cerca de dezoito meses depois destes concertos – é difícil falar em sucesso. Mas o que importa registar são as interpretações vibrantes, quase sempre cristalinas na captação de som (Botnick sabe o faz) e com um apetite enciclopédico que já não usa: está aqui praticamente tudo o que importa ouvir dos Doors, mas – não surpreendentemente – apenas uma canção de The Soft Parade (“Wild Child”, jam-blues dos velhos tempos). Para a memória futura ;))
Gonçalo

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